16 de maio de 2010

Botox Cultural

Ontem ganhei convite para assistir Sopros de Vida com Nathalia Timberg e Rosamaria Murtinho no Falido, quase finado, Teatro Jorge Amado. Fui toda descolada, afinal o público do teatro é assim, certo? Errado, todo mundo estava na Beca. Eu era uma das 10 pessoas com menos de 50 anos e com certeza era a única que nunca tinha aplicado Botox. Enfim, eu descolada e a galera esticada. Tudo muito chique e todo mundo cheio de ouro e brilhantes. Só percebi que o local estava cheio da turma da melhor idade quando vi uma senhora em pé e percebi que quem estava sentada era mais velha que ela.
A experiência foi no mínimo inusitada. Primeiro baixou o telão com os apoiadores do espetáculo, o telão subiu e nada da peça começar, mais de 3 minutos de silêncio e cortinas fechadas, parecia uma eternidade, achei que uma das atrizes tinha batido a cassuleta ou esquecido de tomar o remédio de pressão. Quando ia ligar para SAMU 192 as cortinas se abriram.
Era a primeira vez que eu ia ao teatro para assistir uma peça que não era comédia, era um drama, com cenário cheio de detalhes, falas bem decoradas e uma lição de vida. Foi triste perceber que não temos educação para este tipo de espetáculo.
Com 10 minutos de peça um celular tocou, um toque polifônico das antigas, bem a cara botocada da platéia. Sentei perto de um Senhor surdo que esqueceu de colocar o aparelho de surdez. Imaginem no silêncio escuro da platéia, enquanto as atrizes dialogavam, uma voz dizendo: Hein?! O quê!? Que vergonha! Só parou depois que todo mundo olhou de cara feia para ele. Passados 30 minutos, outro celular tocou. Que tristeza. Um pouco depois ouço novamente: Hein?! O quê!?; Hein?! O quê!?. Cara feia novamente. Já no final da peça, alguém começou a receber mensagem no celular que apitava num tom super alto. Vergonha alheia é dureza. Rosamaria Murtinho não deu continuidade ao diálogo, ficou uns 3 segundos em silêncio, eu senti que ela daria uma pagação, ela respirou fundo para isso quando Nathalia Timberg nos salvou dizendo à ela: Você estava dizendo o que mesmo Madeleine?! O teatro inteiro respirou aliviado. Menos o velhinho surdo que lançou o já esperado, censurado e odiado: Hein?! O quê!?
Ah! Bahia, terra da alegria e da falta de educação. E nada de dizer que isso é coisa de pobre, a peça Sopros da Vida mostrou que o problema pega geral, igual a gripe suína. Só que para a falta de educação não tem vacina.
Hein?! O quê!?

5 comentários:

  1. A tão propalada terra da felicidade é finalmente reconhecida em todos os cantos do mundo pela boa impressão que seus moradores causam a todos que por aqui se deixam levianamente passar ou inadivertidamente escolheram ficar.
    A falta de educação deve ter batido a porta na cara de todos os santos ou eles devem estar a procura de outros altares. Nem mesmos os orixás tem esperança com esse povo que segundo minha vó "sem saber rezar xinga até a deus".

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  2. Tenho realmente MUITA vergonha de episodios como esse.....é por isso que dizem por AQUI,que A. Calcanhoto não gosta de fazer show na Bahia....oh!Ela vem se apresentar e,além dos celulares,o povo fica BERRANDO pra ela para de falar e cantar!QUer dizer,mal entendem que RECITAR faz parte do cantar!!!

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  3. Uma pena mesmo isso!! Educação zero pra nós!!!
    Passei até por um ontem no cinema... com uma galera nada haver... o filme teve q ser interrompido para a entrada dos seguranças.. no final uma vaia terrível para os problemáticos.. e uma salva d palmas para os seguranças.... ééé´!
    bjs... aneinha

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  4. Ó amiga, na cidde em que as pessoas são apresentadas 3456 e ainda assim tem sempre um(a) que sofre de amnésia, você pode esperar algo além disto?!

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