27 de julho de 2012

Caronas Malditas

Não gosto muito de dirigir, mas minhas experiências como carona não foram muito simpáticas e por isso, sempre gosto de estar no meu Carrinho. Tanto que quando me assaltaram há 2 semanas e levaram minha arabaquinha, a primeira coisa que pensei foi:

- Caraleo, vou ter que pegar carona!!

Meu trauma com caronas malditas começou quando eu tinha 14 anos e um colega da mesma idade me pediu para passar na casa dele para ajudá-lo a levar os quitutes para uma festa junina. Ele muito sério me entregou uma bandeja de empadas e se dirigiu ao carro do pai dele, abriu a porta do carona para eu entrar e seguiu para o volante. Foi tudo tão rápido que quando pensei em perguntar se ele sabia dirigir, já havia engatado a primeira e em alta velocidade subiu na calçada e só não bateu no poste porque freou bruscamente fazendo com que as 48 empadas caíssem no chão. Em estado catatônico, tentei olhar para o lado quando a ré já havia sido engatada e pude ouvir a silenciosa buzina de uma carreta. Quando minha alma voltou ao meu magro corpo pude ver o motorista da carreta exigindo a chave do carro, um vizinho dele na frente do veículo exigindo que ele desligasse o motor e as deliciosas empadas pisoteadas por mim mesma! Sai do carro em transe, catei todas as deformadas empadas, coloquei-as na bandeja e as levamos, andando, para festinha! Ainda teve gente que comeu as bichinhas.

Já na época da faculdade fui para uma festa com umas amigas patricinhas. Era um domingo de sol e quando ficou noite resolvemos voltar. Chegando próximo ao Extra na Paralela, a motorista me perguntou:

-Você vai ficar nesta passarela ou na outra?
-Oi?
-Devo te deixar aqui ou na próxima?

Uma amiga que estava no carro e sabia o quanto domingos à noite era perigoso na capital baiana intercedeu:

-Oxe Liu! Deixa Moca em casa, ela mora aqui no imbuí, tá pertinho.
-Se tá pertinho dá pra ir andando, não é Moca???
-É!! (Passada, chocada, horrorizada – Se essa motorista tem nível superior é graças a mim que estudei com ela, fazia os trabalhos e colocava o nome e lhe dei pesca!!)

Tive que descer numa área macabra e sombria da Avenida Paralela e andar por uma passarela onde só tinha sacizeiros, que quando eu passei disseram:

Oh coitadinha da magrinha, num vamo roubar ela não que a sequinha pegou uma carona errada!! Vá com Deus minha filha!!

Quando cheguei na porta do meu prédio, toda suada e descabelada (porque o suor em excesso desmancha a escova) me ajoelhei, peguei um punhado de terra e jurei que nunca mais pegaria carona nesta vida)
Como orgulho de gente sem carro passa rápido, lá estava eu voltando da offélia night club com Cherjo Conan, que mesmo sabendo da minha triste história na passarela, sempre que eu cochilava no carro dele, parava o carro na paralela, me acordava e me mandava descer. Mesmo que de brincadeira, ele cortava meu coração de propósito.
Uma vez peguei uma carona com Boca de Morango e Pandinha no fundo, cochilando. Íamos alegres e sorridentes e uma luz no painel, que ninguém sabia o que era, só piscando, então resolvemos parar num posto para perguntar. Um frentista veio, pediu para abrir o capô do carro e quando a fumaça subiu, ele e Boca de Morango saíram correndo, quando eu abri a porta pra descer, senti meu banco sendo projetado para frente, minha cara esmagada no para-brisa, Pandinha foi incapaz de me esperar sair primeiro, enfraquecendo nossa amizade. Quando o banco voltou para o lugar e enfim eu consegui sair do carro, os 3 já estavam dentro da loja de conveniência. Um absurdo! Para nossa sorte, aliás, para a minha sorte, já que as duas se salvaram da explosão, era só falta de água, que aqueceu o motor.

Agora a carona mais maldita de todo o universo foi Valdelícia Cremosa quem recebeu. Nossa amiga Karinalypso Joelma foi deixá-lo num ponto de ônibus uma vez e quando ele estava com 75% do corpo para fora do carro ela arrastou o veículo fazendo com que o pobre coitado desse 2 mortais de costas e caísse dentro de uma poça d'agua. O pobrecito teve que pegar o buzu zonzo e todo molhadinho. Quem pensa que a delinquente parou para prestar socorro se engana, a safadenha dirigiu até sua casa, em alta velocidade pra não fazer xixi nas calças do tanto que ela riu.