14 de julho de 2010

Consulado Americano

Ontem saí com a turma do Teatro para mais uma despedida, pelo visto ainda teremos várias. Acabei me lembrando de quando fui fazer a entrevista para conseguir o visto americano. Era um grupo de 17 pessoas e nos separamos quando chegamos no Ricifi, afinal a canguinha aqui conseguiu um quarto numa pousada em Boa Viagem, com 4 camas por R$80,00, enquanto o restante do grupo reservou quartos duplos por R$150,00.
Meu amigo Zé foi o primeiro a chegar na rústica pousada e logo mandou mensagem dizendo que “parecia casa de Vó.” Pior que parecia mesmo, chão de piso encerado vermelho, sem elevador, camas todas grudadas, lençóis lilás, suíte com chuveiro sem Box, um encanto.
No dia da entrevista do visto no Consulado, acordei nervosa, afinal já passei por isso quando fui morar em Londres e sabia que o sistema era bruto. Coloquei uma roupa social e meus óculos de grau, visando fazer a linha boa moça. Eis que me deparo com meu amigo Zé de bermuda jeans, camisa de malha cinza e barba por fazer. Com toda calma do mundo, para que ele não ficasse ansioso ou preocupado, sugeri que ele colocasse uma calça social, mas para que? Essa cidade é muito quente. Já de calça, sugeri que trocasse a camisa. Oxe Moca, tem que ir arrumado é?! Já com uma roupa adequada, pedi para que se barbeasse, Ah não, só faço a barba antes do banho, não consigo, me poupe!
Chegamos no Consulado às 8:30h da manhã, como não levei minha bolsa pedi a uma colega que guardasse minha inseparável amiga sombrinha em sua bolsa. Fui a primeira a passar pelo detector de metais, tudo Ok, linda e lisa! A segunda foi minha colega, o sensor disparou e claro que me afastei e fingi que não a conhecia: A senhora tem alguma coisa na sua bolsa? Perguntou o segurança com uma cara péssima. Não Senhor! A coitada foi retirada da fila e quando foi revistada, encontraram minha sombrinha, ela me fuzilou com o olhar, afinal ficou com fama de mentirosa, mas para minha sorte eu estava do outro lado do vidro, blindado. Se não bastasse a vergonha pelo sensor, começaram a vasculhar a bolsa dela. O que é isso? Sorine! Coloque no nariz! Mas eu não estou entupida moço! Coloque agora! Coitadinha teve que colocar e sentir aquele gosto amargo na boca.
Nessa hora meu amigo Zé já estava se barbeando com a unha, coitado! Que pânico. Por que você não me disse que era assim Moca? Tente relaxar Zé, quanto mais nervoso pior. Quando começamos a relaxar novamente, o primeiro visto foi negado no recinto, um tumulto, dois amigos de Fortaleza que queriam viajar juntos e só um conseguiu autorização. Tensão no ar, neste momento ninguém mais se falava, voltamos a ser desconhecidos. Depois de 4 horas no Consulado, muita fome, medo, humilhação e tensão, começamos a ser entrevistados, 15 pessoas do nosso grupo conseguiram o tão esperado visto americano, o pessimista e a assessora não tiveram a mesma sorte, ele porque já sabia que teria o visto negado e ela porque esqueceu de declarar um apartamento que disse que tinha.
Meu amigo Zé era o mais tenso, mal respirava, quando chegou o momento de ser entrevistado já estava de cavanhaque e sobrancelhas feitas, acho que é por isso que ele sempre chora quando nos encontra e se lembra da viagem, emoção demais.
Pior que quando chegamos lá nos States, mesmo com visto, ainda fomos mal tratados numa outra mini-imigração no aeroporto de Atlanta, então me pergunto: Por que não tiram aquela Baiana uó, que distribui fitinhas no Aeroporto 2 de Julho e colocam um funcionário da receita com cara séria pedindo passaporte e comprovantes de retorno? Não precisa negar visto para ninguém, mas poderia pelo menos fingir que somos um país sério.

2 comentários:

  1. Ri demais kkkkkkkkkkk.
    Você consegue prender os leitores com eficiência nos seus textos. Tem que investir nesse talento ^^
    bjs

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  2. Deu até saudade!!! rsrsrsrs

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